sexta-feira, 5 de julho de 2019

CORRER COM ANTEPÉ OU RETROPÉ NÃO INTERFERE NA ECONOMIA DE CORRIDA, MAS PODE DIMINUIR DORES RELATIVAS À SINDROME PATELOFEMORAL

Em 2013 fiz um post sobre correr com tênis minimalista e sua influência no tempo de uma prova (https://bit.ly/2IPTw4y) . Neste estudo os autores concluíram que o uso dos tênis minimalistas promovem uma maior economia de corrida (EC) comparado ao uso dos tênis tradicionais, mas correr com o retropé ou antepé não interfere nesta variável. 

Na semana passada introduzimos o conceito de EC demonstrando quantas variáveis pode influenciar na velocidade com a qual você gasta menos energia para correr. (Entendendo o Conceito de Economia de Corrida)

Fig.1 - Corrida com antepé (A) e corrida com retropé (B)

Hoje apresentamos à vocês um recente estudo cuja a proposta foi determinar os efeitos do retreinamento da corrida de retropé para antepé após 6 semanas de um período de intervenção. Foram analisadas variáveis relativas à EC na condição aguda e crônica, e também um mês após a intervenção feita com retreinamento de técnica de corrida. Além disso, também foi verificado o efeito deste retreinamento na dor referida em joelhos nos corredores com sindrome patelofemoral. 


Neste estudo, 16 participantes se submeteram a 8 sessões de retreinamento à frente do espelho durante um período de 2 semanas, onde 8 deles foram orientados e incentivados a correr com antepé. Os demais receberam orientação somente incentivando a manutenção da corrida que vinham fazendo, com retropé. Todos utilizaram o mesmo calçado tradicional. 

Os resultados obtidos pelos autores demonstram que a alteração da corrida de retropé para antepé não provocou alteração, de forma estatisticamente significativa, nas três variáveis mensuradas, de forma aguda (pre), crônica (post) e um mês após o retreinamento entre os grupos (Follow-up). 




























Fig 2.  Indivíduos que correram com retropé (control) e com antepé (Exp). Escala visual analógica (VAS Score).
Variáveis: Consumo de oxigênio  (VO2), Frequencia Cardíaca (HR) e coeficiente respiratório (RER)

Outro resultado obtido pelo estudo foi referente à dor sentida no joelho. Com a intervenção houve dimunuição da dor referida pelos corredores, através de uma escala visual analógica (VAS) onde na condição pré estava em 5,3 pontos, em uma escala de 0 a 10, e após o retreinamento para corrida com antepé,  caiu para 1 ponto. 

Fig 3.  Comportamento da dor pela Escala Visual Analógica (Vas Score) na condição pré retreinamento (Pre), na condição pós retreinamento (Post) e um mês após a intervenção (Follow-up) em indivíduos que correram com retropé (control) e com antepé (Exp).

Como conclusão, o estudo apresenta a semelhança em termos das variáveis relacionadas à EC após 2 semanas de retreinamento da forma de pisar, de retropé para antepé, assim como um mês após o retreinamento. Mas houve uma redução significativa da dor no joelho, suportando a ideia de que esta pode ser uma estratégia de administrar as dores no joelho de corredores com sindrome patelofemoral. 

Um efeito adverso verificado pelos autores após um mês do retreinamento  de corrida com antepé foi a queixa de dores no tornozelo, após correr, em 2 dos 8 corredores. Ambos efetuaram treinos com mais de 6,5 km com antepé. Isso demonstra a necessidade de uma transição mais sutil para a corrida com antepé. Abordaremos futuramente sobre esta transição. 


Roper, J. L., Doerfler, D., Kravitz, L., Dufek, J. S., & Mermier, C. (2017). Gait retraining from rearfoot strike to forefoot strike does not change running economy. International journal of sports medicine38(14), 1076-1082.


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