quinta-feira, 16 de janeiro de 2020

COMO A CORRIDA EM SUBIDA OU DESCIDA AFETA O GASTO ENERGÉTICO E A FORMA DE CORRER?

Em post passado (TREINAMENTO EM LADEIRA É REALMENTE IMPORTANTE PARA A ECONOMIA DE CORRIDA E PERFORMANCE?) descrevemos sobre como a corrida em subida pode auxiliar no treinamento de corrida, abordando principalmente sobre a alteração de variáveis fisiológicas. Hoje abordaremos a questão do ponto de vista da biomecânica e do gasto energético através de um artigo científico de pesquisadores japoneses e finlandeses. 

Seiki e colaboradores (2020) demonstram previamente o quanto a economia de corrida poder ser afetada por uma série de fatores biomecânicos como: padrão da pisada, o deslocamento vertical do centro de massa, o tempo de apoio e suas fases relacionadas às fases excêntricas e concêntricas da corrida, a atividade elétrica do músculo (EMG). Com tudo isso em mãos propuseram em sua investigação a quatificação das características cinemáticas e de EMG, na fase de apoio em três diferentes condições de inclinação (6, 0 e -6 graus).

Os pesquisadores verificaram que existe uma diferença significativa no custo energético nestas três condições, mas não no trabalho mecânico total, conforme demonstrada na tabela abaixo. O que muda nas condições em declinação ou inclinação do piso é a distribuição de trabalho mecânico positivo ou negativo, predominando o negativo na descida e o positivo na subida. 

Tabela 1 - Variáveis relacionadas ao consumo de oxigênio, custo energético e trabalho mecânico. 










Em termos cinemáticos o tornozelo apresentou uma maior amplitude durante a inclinação e menor na descida, mas a máxima flexão desta articulação não diferenciou em nenhuma condição. Já a angulação do joelho diferenciou somente no momento da propulsão sendo maior na inclinação e o Centro de Massa foi maior durante a inclinação. Algumas correlações foram feitas entre gasto energético e EMG no tríceps sural, com a velocidade de flexão plantar e a extensão do joelho. 

Segundo os autores, estes momentos destacados acima podem afetar a coordenação entre a movimentação de joelho e tornozelo, e consequentemente, afetar o gasto energético. O aumento da EMG demonstra isso. 




A aplicação prática desta informação depende de a relacionarmos com um post anterior (QUALQUER UM PODE CORRER COMO OS MARATONISTAS DE ALTA PERFORMANCE?) afirmando sobre uma das diferenças existentes entre corredores recreacionais e de performance, principalmente em relação à variável Centro de Massa. No estudo citado pelo post, de Preece e colaboradores (2019), os autores obtiveram como resultado uma maior elevação do centro de massa em corredores de performance, após a propulsão, comparados aos corredores recreacionais. 

Ao relacionarmos os resultados deste com o post anterior, talvez uma boa estratégia para ensinar os corredores recreacionais a entender o que é elevar o centro de massa, seja exatamente utilizar a subida, para desenvolver novas estratégias neuromotoras e transferi-las para a corrida no plano. Assim, uma melhor técnica de corrida pode levar à redução do curso energético, melhorando assim, a economia de corrida. 

Referência Bibliográfica: 
Seki, K., Kyröläinen, H., Sugimoto, K., & Enomoto, Y. (2020). Biomechanical factors affecting energy cost during running utilising different slopes. Journal of sports sciences38(1), 6-12.