terça-feira, 1 de outubro de 2019

OUTROS PONTOS DA TÉCNICA DA CORRIDA NECESSÁRIOS AO ENTENDIMENTO DA ECONOMIA DE CORRIDA E DA PERFORMANCE

Continuando a dissecação do artigo de Folland e colaboradores (2017) sobre outros pontos a serem destacados na biomecânica da corrida relacionados à Economia de corrida (EC) e performance,  aqui iniciaremos com a mínima velocidade da pelve, pois esta variável tem total influência na frenagem. 

Para os corredores de elite do grupo analisado esta variável teve um peso ainda maior na EC e na performance, que demonstrou correlação com maior gasto energético e pior performance.  Eles explicam que esta relação da frenagem com estas duas variáveis não é pelo simples ato de frear ao tocar o pé no solo, a qual envolve as forças passivas de impacto, assim como a atividade muscular excêntrica. Uma grande frenagem na fase inicial também provoca uma necessidade de maior aceleração propulsiva para reacelerar para manter a velocidade de corrida. Esta aceleração envolve mais gasto energético por aumento nas ações concêntricas necessárias para compensar uma grande frenagem. 

Outra variável, a postura do tronco, com sua pequena projeção à frente teve uma pequena correlação com performance, contradizendo a outros estudos apresentados pelos autores, onde esta variavel estava associada com a EC. 

A performance teve correlação também com alguns parâmetros da passada com o Duty Factor (DF- relação entre o tempo de contato com o solo e o tempo de voo de cada um dos pés). Segundo os autores, o baixo valor obtido no DF são subprodutos dos determinantes da performance na corrida, ou mais provável, que a cinemática ideal dacorrida seja determinada pela otimização de fatores como o DF, além do que simplesmente minimizar a EC. 

Além disso, outro fator importante, mas do ponto de vista cinemático, foi o menor comprimento de passada e a sua maior frequencia, mas correlacionados à EC. Os autores  sugeriram que uma passada muito ampla (overstriding) leva a uma corrida pouco econômica. A justificativa fornecida pelos autores foi através da citação de um estudo  afirmando sobre um aumento na rigidez do membro inferior em contato com o chão, ocorrida em uma condição de frequencia de passada menor, leva a uma redução na absorção de energia e, assim, reduz a Oscilação vertical (OV), comentada no post anterior (http://bit.ly/2n4dTD6). 

Os ângulos da dorsiflexão do pé  e da tibia em relação a uma linha vertical, assim como, a amplitude de movimentação de quadril e joelho durante o contato do pé com o solo, foram negativamente relacionadas à performance. 

Figura 1 - Figura de palito ilustrando os angulos mensurados na avaliação cinemática do estudo. (Modificado de Folland e colaboradores, 2017).
Destacando alguns outros fatores relacionados á técnica da corrida, os autores afirmam que ela pode ser consistente independente da velocidade. Segundo os autores, o corredor com menor angulo na tíbia no momento do contato com o solo entre 10 e 12 km/h também terá ângulos similares a velocidades maiores. 

Para terminar, Folland e colaboradores (2017) concluem que variáveis cinemáticas explicam cerca de 39% da EC e 31% da performance. Recomendam a atenção de atletas e técnicos para os parâmetros relativos à passada para otimizar a movimentação da pelve e consequentemente aumentar a performance. 


Referência Bibliográfica: 

Folland, J. P., Allen, S. J., Black, M. I., Handsaker, J. C., & Forrester, S. E. (2017). Running technique is an important component of running economy and performance. Medicine and science in sports and exercise49(7), 1412.






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